Um cidadão aborda a reportagem pelo lado de fora da janela do carro. “Eu quero saber se vocês sabem me responder o que vão fazer com uns terrenos que o prefeito colocou no nome dele e que eu estou pagando!”, perguntava, ansioso. Outra moradora comemorava: “Agora, vai. A cidade não aguentava mais”. Em Pacajus, um dia depois de ter seu prefeito, José Philomeno Figueiredo (PSDB), e mais dez pessoas ligadas à sua gestão presos, o clima era assim: cobrança, agitação e muita expectativa de melhora.
A ressaca da operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual em parceria com a Polícia Civil, que desmontou, na última quinta-feira, suposto esquema criminoso executado dentro do Poder Público local, foi marcada pela posse dos novos gestores. Auri Castro Araripe (PR), vice-prefeito, foi empossado como prefeito de Pacajus, e o vereador José Eudes Ferreira (PSDB) como presidente da Câmara Municipal.
Logo em seu discurso de posse, no plenário da Câmara, Auri deu sinais da sua intenção em 2012: “Posso ficar um dia, como posso ficar um ano. A Justiça vai dizer. Mas o que eu quero mesmo é ficar quatro anos”, adiantou, arrancando aplausos da plateia, acompanhados por fogos de artifício, do lado de fora do Parlamento. Ele se disse constrangido pela atual situação política do Município e prometeu sindicância interna nas contas da Prefeitura.
Durante a cerimônia, Auri esteve acompanhado pelo deputado estadual Téo Menezes (PSDB), investigado pelo Ministério Público por suposto uso de dinheiro público voltado para a construção de kits sanitários. O novo prefeito de Pacajus é casado com a irmã de Teodorico Menezes, pai de Téo e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Na Câmara, o presidente empossado afirmou que deverá verificar a situação contábil da instituição e o quadro de pessoal contratado. “Temos que sair de toda essa situação de humilhação perante todo o estado”, disse Eudes.