Notícias de arrastões em Fortaleza se espalharam pelas redes sociais, durante a tarde e a noite de ontem. No Twitter, usuários relataram ocorrências em diversos bairros da Capital. Parte deles era simples boato, o que gerou um sentimento de pânico em parte da população. Vídeos de ações de anos anteriores e fotos de outros locais chegaram a ser publicadas como se tivessem sido registradas ontem na Capital.
Parte das notícias, no entanto, era real. O POVO confirmou pelo menos três arrastões, a partir de relatos de vítimas e testemunhas. Na avenida Mozart Pinheiro de Lucena, no bairro Vila Velha, comerciantes fecharam as portas após assaltos a alguns estabelecimentos da região. “Passaram aqui em frente, de moto e de bicicleta. Eram uns 20, 30 homens com arma em punho”, conta o funcionário de uma farmácia, que, excepcionalmente, encerrou o expediente de ontem às 19 horas. “Geralmente, a gente fecha às 22h30min”, citou o homem.
O funcionário de outro supermercado conta que chegou a ligar para a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) relatando a situação, e a atendente teria orientado que o melhor seria fechar, por falta de policiamento disponível. Outro supermercado do bairro não fechou após o arrastão, mas reforçou a segurança temendo ações criminais.
Na avenida senador Fernandes Távora, um ônibus da linha Conjunto Ceará/Lagoa - Via Fernandes Távora foi parado por bandidos. A ação ocorreu entre os bairros Henrique Jorge e Parangaba. Segundo o radialista Edson Ferreira, da Rádio Verdes Mares, que estava no ônibus, cerca de 15 pessoas invadiram o veículo, exigindo os objetos pessoais dos passageiros.
“Eles estavam ameaçando apedrejar o coletivo e o motorista teve que abrir a porta. A sensação que fica é de medo. Espero que tudo isso (a paralisação da PM) seja resolvido pra ontem”, cita Edson.
Foi registrado arrastão também no cruzamento da Via Expressa com a rua Tavares Coutinho, na Varjota. “Eles
assaltaram diversas pessoas. O pessoal (motoristas) ainda tentava buzinar, mas o sinal estava fechado”, informa um vendedor que presenciou o assalto.
Interior
Moradores do Interior também relatam clima de medo por causa da paralisação dos PMs. Em Redenção, a 63 quilômetros de Fortaleza, o comércio também fechou mais cedo por conta de arrastões ocorridos nos municípios vizinhos de Acarape e Barreira. “Chegou notícia de que são seis homens em seis motos. Todos armados”, conta uma moradora. “Em Acarape, assaltaram a agência dos Correios. Aqui, quase ninguém ficou na rua. Está todo mundo na expectativa. Como a Polícia parou, é melhor não arriscar e ficar em casa”, acrescentou.
Os órgãos oficiais não confirmaram as ocorrências. Na noite de ontem, o relatório da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) não estava disponível no site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
ENTENDA A NOTÍCIA
Pelas redes sociais da Internet, fortalezenses relataram ontem ocorrência de arrastões na cidade. A presença da Força Nacional de Segurança e do Exército, com a greve da PM, não tem sido suficiente para evitar tais ações.
Saiba mais
Na manhã de ontem, no Comando Geral da Polícia Militar, homens do Exército reforçavam a segurança. Carros da Força Nacional foram vistos percorrendo as avenidas Maestro Lisboa, que dá acesso ao Beach Park, Abolição e Dom Manoel.
O comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), tenente-coronel Túlio Studart, informou que o efetivo da PRE está ajudando no policiamento da Capital. Segundo ele, seis viaturas estão no reforço.
Medo
Seu Xavier teme a falta de policiais nas ruas. “Eles na ativa as coisas já acontecem, ainda mais em greve”. Para ele, a presença do Exército e da Força Nacional ajuda a amenizar a sensação de insegurança. Mas deve ser algo temporário. “Só enquanto o problema dos policiais não é resolvido”.