Três crianças foram baleadas em um atentado ocorrido na noite da última terça-feira (22), na Rua dos Crentes, Campo Novo, um dos bairros mais populosos de Quixadá. Os pistoleiros tinham como alvo um homem acusado de homicídio. Por volta das 19 horas, um grupo de, aproximadamente, dez crianças brincava na calçada quando foi surpreendido por seis disparos de arma de fogo. Os tiros tinham como destino o pedreiro Luiz Ernandes Ventura Alves, 39, conhecido como ´Luizinho´, mas os meninos estavam na linha de fogo e três deles foram atingidos.
As vítimas foram socorridas por mototaxistas e levadas para o Hospital Maternidade Jesus Maria José. Após serem medicadas, retornaram para casa e nenhum deles corre risco de morte. Mesmo assim V.S.M., de 11 anos, está com um projétil alojado no braço esquerdo. Ele também foi atingido na perna.
O caso mais delicado é de D.S.R. oito anos. Além de ser atingido na coxa direita ele está com uma bala alojada nas nádegas. Tem dificuldade para andar e se queixa das dores. O irmão dele, C.M.R. um ano mais novo, teve mais sorte, uma das balas passou de raspão na testa dele, por centímetros não morreu. Eles, outros dois primos e mais nove crianças moram com a avó, Maria de Fátima Silva Morais, 56 anos, tia do verdadeiro alvo dos criminosos.
Segundo a avó, em setembro de 1994 seu sobrinho cometeu um homicídio naquele bairro. Luiz Ernandes ficou mais de seis anos preso. Ganhou liberdade recentemente e passou a trabalhar em outra cidade. Resolveu visitar os parentes e conversar com o restante dos familiares. Ele não imaginava que depois de tanto tempo ainda existisse desejo de vingança na família de Francisco Cláudio da Silva, na época do crime com 21 anos.
Um dos irmãos de Cláudio foi detido por equipes da 2ª Companhia do 1º Batalhão (Quixadá) juntamente com outro suspeito. Uma testemunha disse ter reconhecido a dupla, mas na presença do delegado Leonardo Ferreira mudou a versão.
O ex-presidiário confirmou não ter inimigos, exceto os familiares do rapaz que assassinou. "Apesar de terem me perseguido, batido em mim, quebrado meu nariz, meus dentes e até me esfaqueado, apenas me defendi e matei um deles. Paguei pelo meu erro e quero paz. Não é justo que, mesmo assim, ainda não estejam satisfeitos. Mas atirar em pessoas indefesas, inocentes, já é um absurdo". disse ´Luizinho´, preocupado com a segurança dos meninos e meninas criados pela tia. "Se soubesse não teria ido até a casa dela. Foram momentos horríveis".
Os dois suspeitos foram liberados por falta de provas, mas as diligências continuam. Até ontem, a arma de fogo e a moto utilizada na fuga não foram localizadas. O delegado Leonardo Ferreira, titular da Delegacia Municipal de Quixeramobim, respondendo pela Delegacia Regional de Quixadá, investigará o caso.