quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FAMILIAS VIVEM COM MENOS DE UM SALARIO

Documento deverá ser utilizados para orientações de políticas públicas do Governo do Estado (DEIVYSON TEIXEIRA)
A macrorregião Cariri/Centro Sul apresenta a pior situação de indigência (ou miséria) no Interior do Ceará em 2010. São 117.028 domicílios com renda mensal per capita de até um quarto de salário mínimo (na época, R$ 510), ou seja, R$ 127,50.

No Estado como um todo, o Cariri/Centro Sul é superado apenas pela Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que reúne 147.168 domicílios nesse patamar de renda, cerca de 10% da população.

No Litoral Oeste, há 91.741 domicílios na miséria, cobrindo 36,51% da população da região – a pior ocorrência no Ceará em termos percentuais.

Resultados socioeconômicos do Ceará, divididos nas oito macrorregiões administrativas, foram organizados e apresentados ontem no Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). É o Informe nº 15, com números do censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O documento, ainda descritivo, deverá ser utilizados para análises e orientações de políticas públicas do Governo do Estado direcionadas às necessidades das regiões, afirmou o diretor- geral do Ipece, professor Flávio Ataliba.

A Região Sobral/Ibiapaba não está entre as piores situações de miséria, mas o município de Sobral deve sair na frente no combate à miséria. O prefeito Clodoveu Arruda (PT) se reuniu com o governador Cid Gomes para implantar um projeto piloto contra o problema. Lá, são cerca de 22 mil domicílios na situação de miséria.

Perfil populacional
O Ceará começa a ter características de estados de países desenvolvidos, pelo menos, no aspecto faixa etária populacional, comenta o analista de políticas públicas do Ipece, Cleyber Nascimento.

O percentual de crianças na população passou de 33,5% para 25,9%, respectivamente, de 2000 a 2010. Os jovens (de 15 a 64 anos) representam, ano passado, 66,5% da população, frente a 60,2% em 2000. A quantidade de pessoas maiores de 64 também cresceu, de 6,2% para 7,6% na mesma década.

“População mais velha quer dizer maior expectativa de vida, mas também maior atenção à saúde. Mais jovens significa um contingente apto a entrar no mercado de trabalho, aí demanda de o governo gerar essa quantidade de empregos para fazer com que a economia do estado cresça”, explica.

ANALFABETISMO
Todas as macrorregiões do Ceará lograram reduzir a taxa de analfabetismo em uma década. O índice do Estado saiu de 26,5% em 2000, para 18,8% em 2010, aponta estudo do Ipece. Mesmo assim, são cerca de 1,2 milhão de analfabetos.


Com exceção da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com 9,4%, todas as outras macrorregiões chegaram ao ano passado com índice acima de 25%, com destaque negativo para os Inhamuns (30%). Foi também a região que menos reduziu o analfabetismo. Segundo o economista e analista de políticas públicas do Ipece, Vitor Hugo Miro, isso pode ser um reflexo da dificuldade que a população mais velha tem para o aprendizado. Por ser mais pobre, a região pode ter também mais dificuldade para conseguir melhores resultados, comenta Miro.


Um dos índices considerados analíticos para a saúde, infraestrutura e educação é a taxa de mortalidade infantil. Com exceção do Cariri/Centro Sul, todas as regiões do Ceará obtiveram redução acima de 40% em uma década neste item. O Sertão Central chega a 61,2%, consta na pesquisa.


O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) definiu, em maio deste ano, o termo “extrema pobreza” para domicílios com renda per capita mensal de até R$ 70, por tanto, menor do que o parâmetro utilizado nos dados do IBGE até 2010.