O tiroteio começou ao meio-dia, do lado de fora da agência do Banco do Brasil da cidade de Viçosa do Ceará, na Região da Ibiapaba. O pânico se instalou entre clientes e funcionários quando eles ouviram os tiros que vinham de fora da agência. As lojas do comércio fecharam as portas por algumas horas até que a cidade voltasse ao normal.
Eu tinha acabado de entrar no banco quando os tiros começaram. Nunca tinha visto coisa igual, quando olhei para fora e vi os bandidos entrarem na agência atirando, quebrando as vidraças e todo mundo caindo no chão. Eles gritavam dizendo que, se o gerente não aparecesse para entregar o dinheiro, todos iriam morrer”, conta a servidora pública da prefeitura de Viçosa do Ceará, Maristela Alves, que tinha ido ao banco receber seu salário. A ousadia dos 12 bandidos encapuzados e armados deixou os moradores da cidade abalados. Era por volta das 12 horas quando três deles invadiram a agência do BB do município. Um ficou na porta do banco armado com um fuzil dando cobertura para os dois que entraram no estabelecimento. O primeiro, também armado de fuzil, rendeu um dos seguranças do banco e o obrigou a colocar em um malote médio todo o dinheiro que estava nas gavetas dos caixas. O outro armado de pistola rendeu funcionários e clientes dentro da agência e supervisionou toda a ação do comparsa.
De acordo com a titular da delegacia do município, Naiana Barbosa, a ação dos bandidos durou cerca de 10 minutos. Os clientes e funcionários que estavam dentro do banco, depois da porta giratória, foram mantidos reféns pelos assaltantes e os que estavam nos caixas eletrônicos foram liberados. Segundo a delegada, os funcionários não souberam informar o valor levado pelos criminosos. Na ocasião, havia na agência bancária cerca de 40 pessoas, entre funcionários e clientes.
“Nunca tinha visto coisa igual, o terror foi grande. As pessoas passavam mal. No hospital, toda hora chegava gente e algumas até desmaiavam. Por algum momento a gente pensou que ia morrer. Eu só rezava e pedia a Nossa Senhora proteção”, relembra dona Maristel. Ela disse que vai demorar para apagar as cenas da cabeça. “Tão cedo vou ao banco receber meu dinheiro. Fiquei traumatizada”.
SotaqueUm dos seguranças disse em depoimento à delegada que o sotaque dos dois bandidos era “bem nordestino”, uma fala parecida com a dos pernambucanos ou cearenses da Região do Cariri. “Ele relatou que os homens são altos, brancos e um até tem olhos claro”, informa Naiana.
A delegada ressaltou que, de acordo com os depoimentos, os bandidos estavam calmos durante a ação. Não apresentaram nervosismo e não foram violentos com os reféns. “Atiraram para amedrontar as pessoas e intimidar a Polícia”. Na troca de tiros, o comandante do Ronda da cidade, sargento Antônio Carlos Nunes Pierre, 42, foi atingido com um tiro de fuzil na perna. Ele foi transferido para o Instituto Dr. José Frota, onde passou por cirurgia e pode perder a perna.
A delegada informou que, segundo um funcionário, antes do assalto um carro forte teria abastecido o cofre do banco. Até o fechamento desta edição, policiais civis e militares de Viçosa e Tianguá realizavam diligências nas saídas do Ceará.
SAIBA MAIS
Depois do assalto, os bandidos fugiram em pelo menos três carros, uma Hilux, um Meriva e outro que a Polícia suspeita ser uma D-20 roubada. Na fuga eles levaram duas pessoas como reféns, que seriam homens que trabalham fazendo frete para localidades próximas da cidade. Momentos depois as vítimas foram liberadas.
No distrito de Delgado os bandidos incendiaram dois carros, a Hilux e o Meriva
e ainda tiraram as placas dos veículos. Parte do grupo fugiu em direção a cidade de Cocal, no Piauí. Os outros seguiram no sentido do município de Granja. A Polícia disse que eles não saíram do Estado.